Gosto muito de sociologia que nada mais é a ciência que estuda aspectos comportamentais da sociedade e isso inclui também a religião, pois quando se trata de comportamento e cultura a religião se faz muito presente no dia a dia da sociedade, do povo, de alguém e de uma nação. E desde a fundação deste jornal nunca havia falado sobre a fé evangélica, mas é inegável que ela vem crescendo muito no Brasil nos últimos anos e falarei aqui com base no que li e observei no dia a dia sobre esse fenômeno e porque a fé evangélica cresce tanto no Brasil.
Primórdios
É claro que os primeiros resquícios da fé evangélica no Brasil se deu ainda no século XVI, quando missionários luteranos ou calvinistas franceses se não me engano veio ao Brasil logo na época da Reforma Protestante. Porém acabaram não vingando, e algum tempo depois iniciou-se a colonização do Brasil por portugueses que professavam a fé católica. Daí em diante até a independência do Brasil era proibida por lei a manifestação de outra fé ou religião no Brasil, sendo permitida apenas a fé católica.
Em 1822 com a independência do Brasil e em 1824 com a promulgação da nossa primeira constituição, passou-se a permitir qualquer religião ou fé no Brasil, desde que seja em culto privado para casas para este fim destinado sem forma alguma exterior de "templo". É claro que na prática já tinha algumas igrejas com fora de templo.
Porém os primeiros efeitos do espalhamento da fé evangélica no Brasil se deu através de missionários americanos a partir de 1859 e reforçado depois a partir de 1870 com a imigração americana ao Brasil após o fim da guerra civil americana, onde muitos americanos não contentes com o resultado da guerra vieram ao Brasil. Mas ainda assim a fé evangélica no Brasil era bem tímida, tanto que segundo o Censo de 1872 cerca de 99% dos brasileiros professavam a fé católica, mas lembrando que os brasileiros já naquela época sempre sincretizaram as religiões tanto que a Umbanda, tem traços de catolicismo também.
O renovo da Fé Evangélica
Em 1890 após a Proclamação da República acontece a separação entre Igreja e Estado no Brasil, onde a fé católica deixa de ser a religião oficial do Brasil, passando o Brasil a ser um Estado laico. A partir daí institucionalmente nenhuma fé era mais privilegiada no Brasil, sendo o Brasil um Estado neutro no que se trata de religião.
Até que em 1908 acontece nos Estados Unidos um fenômeno conhecido como "Avivamento da Rua Azuza", onde evangélicos reunidos numa casa junto com o pastor William Seymour presencia um fenômeno diferente onde começaram a falar em línguas estranhas {É por isso que nas igrejas pentecostais tem tantos fenômenos de gente falando em línguas estranhas}.
Outro pastor também teve grande relevância no movimento e ele se chamava Charles Parham, que é comumente chamado de o "Pai do Pentecostalismo". Enfim o tempo passou e em 1910 é fundada no Brasil a Congregação Cristã, primeira Igreja pentecostal do Brasil e no ano seguinte é fundada a Assembléia de Deus, que juntas foram as primeiras Igrejas de orientação pentecostal do Brasil.
O crescimento da fé evangélica ainda foi muito lento, tanto que dados de 1940 mostra que naquele ano 95% dos brasileiros ainda professavam a fé católica e apenas 3% professavam a fé evangélica. E o motivo também é que grande maioria dos brasileiros moravam na área rural onde a fé católica tem muita influência e aliás até os dias atuais, enquanto que em contrapartida a fé evangélica tem muita influência na área urbana e isso até os dias de hoje também.
A grande expansão
E como disse antes que a fé católica era muito presente no Brasil antigamente em grande parte também pelo fato do país ser bem rural. Na década de 1950 começou a acontecer um fenômeno sociológico muito grande no Brasil e também no mundo inteiro e nunca visto antes: O crescimento da área urbana e da população urbana. Ou seja.., O Brasil começou a sofrer uma grande onda de migrações para as áreas urbanas. E o povo então quando chegava nas cidades e muitas das vezes em meio as dificuldades buscavam consolo na fé, e daí a necessidade de novos templos e nesta parte a Igreja Protestante é muito mais ágil pois por ser uma instituição descentralizada qualquer pessoa pode abrir um templo em uma sala e também pode virar pastor ou pastora {Em algumas denominações}.
E a urbanização do Brasil continuou a crescer de forma vertiginosa, tanto que em 1970 pela primeira vez a população urbana no Brasil era maior que a rural, mas ainda assim a população rural era bem maior comparado com hoje.
Anos depois, em 1991, quando a população urbana no Brasil já era bem maior, cerca de 10% da população professavam a fé evangélica e já no ano de 2000 cerca de 15% dos brasileiros professavam a fé evangélica. E esse número foi crescendo cada vez mais, tanto que em 2010 já eram 22% o número de brasileiros que professavam a fé evangélica. Mas o grande salto mesmo foi entre os anos de 2010 a 2020, onde segundo dados em 2020 eram 31% o número de brasileiros que professavam a fé evangélica. Já a fé católica eram 50% o número de brasileiros que professavam esta fé em 2020. E por um outro lado o número de pessoas sem religião aumentou muito também e se não me engano são aproximadamente 16% da população em 2020 {Mas atenção, que pessoas sem religião não quer dizer que são ateus. A pessoa pode não ter religião mas acreditar em alguma fé, como por exemplo os Espiritualistas}. E segundo estimativas a fé evangélica vai crescer ainda mais no Brasil e ultrapassar a fé católica nos próximos anos. E há quem diga que este ano de 2022 menos de 50% dos brasileiros professam a fé católica. E no ano passado pela primeira vez o Brasil perdeu o posto de maior país católico do mundo, e foi para o México que agora é o maior país católico do mundo.
Mas porque de fato a fé evangélica cresce tanto no Brasil?
Muitos fazem esta pergunta e esses tempos atrás estava assistindo uma entrevista onde um psicólogo entrevista uma teóloga e historiadora do Cristianismo e nem ele sabe do porque, tanto que ele mesmo falou. Mas segundo os especialistas é devido a grande urbanização do Brasil, a burocracia da Igreja Católica construir novos templos em especial nas periferias, onde a fé evangélica é muito grande. Também o fato de que qualquer pessoa na fé evangélica poderia abrir uma igreja ou virar pastor, entre vários aspectos.
Mas tem também a motivação cultural e doutrinária, onde segundo a fé evangélica, santo só Jesus, onde não há intermediadores entre a pessoa e Deus, a crença de que somente a Bíblia é a fonte da verdade entre outras tradições.
Mas é claro que uma coisa vai puxando a outra, como por exemplo: As vezes a pessoa está passando por algum problema, seja com muitas festas, vida loka, alcóol, drogas entre outros problemas ou simplesmente está a fim de ir para uma igreja professar sua fé, ter sua intimidade com Deus. Aí aquele amigo evangélico convida a pessoa para ir na igreja dele, e ela vai, pois afinal de contas são irmãos em cristo. Chega lá o culto é animado e no fim do culto a pessoa já fez amizade e vão comer uma pizza. É óbvio que a pessoa vai gostar e com o passar do tempo muitas vão se convertendo a fé evangélica, pois como percebi a alguns anos a interação entre os fiéis nos cultos evangélicos são maiores, pois no culto todo mundo conhece todo mundo, além do fato de que evangélicos são mais proselitistas e conseguem atrair mais pessoas a fé evangélica.
Nos cultos da fé católica geralmente não há muita interação entre as pessoas {Talvez nas cidades do interior e do meio rural sim, pois a fé católica é muito presente no interior e na área rural}. Geralmente na missa ninguém se conhece. É claro que vai muitas famílias, mas o que quero dizer é que não acontece aquilo de todo mundo ali conhecer todo mundo como nos cultos evangélicos {A vantagem é que rola menos fofoca, já que ninguém conhece ninguém, hahaha}. E há quem diga também que os cultos católicos são mais "sem graça". Mas é claro que isso depende de cada paróquia ou comunidade né.
Em suma o Cristianismo ainda se faz muito presente no Brasil e isso é bom {Desde que não há fanatismo}, pois ao longo do tempo o Cristianismo mais beneficiou a humanidade e o Brasil do que ao contrário, pois devemos sempre focar o lado positivo das coisas e ainda mais quando essa coisa se tem mais lado positivo do que negativo. E embora tenha os fanáticos, os religiosos ou os "fariseus", esse povo é minoria e não deve ser levados a sério, pois o Cristianismo como um todo é um patrimônio do Brasil e do mundo.
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