segunda-feira, 17 de julho de 2023

O fim da família imperial russa: Como essa família causou seu próprio fim?

O fim da família imperial russa - Como essa família causou seu próprio fim?
Família imperial russa. Nicolau II, sua esposa a imperatriz Alexandra e filhos.

Hoje completam-se 105 anos do fim da família imperial russa que foram executados pelos Bolcheviques em meio ao turbilhão do fim da Primeira Guerra Mundial que se aproximava. Era 17 de julho de 1918, quando o último imperador da Rússia, sua esposa, filhos e alguns empregados foram acordados no meio da madrugada, lá pelas duas e meia da manhã pelos guardas Bolcheviques, onde o capitão Yakov Iurovsky leu a sentença diretamente para eles, onde decretava a execução de toda a família. O imperador Nicolau II só teve tempo de dizer: "O quê?", e logo em seguida começou a rajada de tiros, dizimando em pouco tempo a família imperial russa e 305 anos de dinastia Romanov, a última a comandar a Rússia. Confira aqui um pouco sobre essa família e como essa família causou se próprio fim.

O começo

Em fins do século XVI, a Rússia que até então se chamava "Czarado da Rússia" era comandada por uma dinastia conhecida como "Casa de Rurik". Essa dinastia chegou ao fim por volta de 1594, quando o então czar Ivã IV, conhecido como "Ivã - O Terrível" faleceu sem deixar herdeiros. A partir daí foram vários anos sem uma dinastia comandando o país, que já era nessa época um império, de tão grande que já era, e viria a se tornar ainda maior durante o comando dos Romanovs.

Até que em 1613 a dinastia, conhecida como "Casa Romanov" chegou ao poder e começou a comandar a Rússia. E foram vários anos e vários reis, até que em 1682, chega ao poder com apenas 10 anos de idade, porém sendo supervisionado com regentes {Que de fato comandavam o país}, o jovem czar Pedro I, conhecido como "Pedro - O Grande". Ele assumiu com 10 anos o trono do país, e ali por volta dos 18 anos de idade, assumiu de fato o comando do país, que ainda dividia com um irmão, mas em pouco tempo Pedro passou a comandar sozinho o país. 

Até em fins da década de 1690 Pedro começa a modernizar a Rússia, ele então viaja para o Europa, tipo Holanda, França, entre outros lugares para aprender sobre a cultura da Europa ocidental. E na volta para a Rússia ele faz uma mudança radical no país, uma mudança cultural, onde a Rússia é aos poucos ocidentalizada, incluindo o incentivo para que as pessoas passem a usar roupas ocidentais e um imposto sobre a barba, com o objetivo de fazer os homens desistir de usar barba, pois os homens russos tinham o costume de usar barba, e na cultura ocidental da época os homens tinha o costume de não usar barba, e Pedro queria que seu país seguisse esses costumes.

De fato a Rússia se ocidentalizou mesmo, e as mudanças que Pedro fez foram várias, incluindo a fundação de cidades, a expansão do território russo e a consolidação do exército do país, que se tornou um dos mais poderosos nos tempos posteriores. E após toda essa consolidação, o então Czarado da Rússia passou a se chamar "Império Russo" em 1721. Pedro passou a se chamar Pedro I, mas ele morreu em 1725 e foi substituído por sua esposa que adotou o título de Catarina I, mas ela também faleceu pouco tempo depois, em 1727. E nos próximos anos a Rússia teve vários imperadores, mas os mais destacados durante todo o século XVIII foram Isabel I e Catarina II, conhecida como "Catarina - A Grande".

Durante o século XIX o país passou por algumas mudanças, e a mais significativa delas foram a libertação dos servos em 1861, onde cerca de 22 milhões de servos foram libertados. Nessa época o país era comandado pelo imperador Alexandre II. E Alexandre II tinha planos de modernizar a Rússia, tanto que no início da década de 1880 ele tinha planos para transformar a Rússia numa monarquia constitucional, pois nessa época a maioria das monarquias ocidentais eram constitucionais, como a Inglaterra, Brasil, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal, Dinamarca, Holanda, entre tantos outros. Mas infelizmente Alexandre II foi assassinado por revolucionários. 

O começo do fim

Após a morte de Alexandre II, ele foi substituído por seu filho, Alexandre III, e Alexandre III era totalmente oposto a Alexandre II e manteve a Rússia numa monarquia absolutista e atrasada, e é aí que começa a tragédia. Mas Alexandre III acabou por falecer em 1894, sendo substituído por seu filho, Nicolau II, o último imperador da Rússia. E Nicolau II continuou com a mesma rigidez de seu pai, Alexandre III, mantendo a Rússia uma monarquia absolutista e atrasada.

E além disso, Nicolau II era muito irresponsável, até que em 1904 ele fez a Rússia entrar em guerra contra o Japão, uma potência em ascensão na época, e isso culminou na derrota da Rússia frente o Japão em 1905. Mas o que abalou mesmo o governo de Nicolau II foi o famoso Domingo Sangrento, que foi uma manifestação pacífica onde o povo foi até um dos palácios do imperador exigir melhores condições de vida, principalmente no trabalho. Os guardas do palácio atiraram contra o povo, matando muita gente, e embora o imperador não estava no palácio naquele momento, mas por conta de suas irresponsabilidades, ele acabou levando a culpa.

E a situação foi tão impactante que o imperador foi pressionado a fundar um parlamento no país, fazendo com que a Rússia se tornasse uma monarquia constitucional, porém era apenas de jure, porque de fato o imperador tinha total poder, e muito pouca coisa mudou. E esse evento do Domingo Sangrento foi tão impactante que há quem diga que foi um "Ensaio para a Revolução de 1917".

A Primeira Guerra Mundial

Foi quando teve a Primeira Guerra Mundial, mas precisamente quando a Rússia entra na guerra por ordem do imperador que ali é decretado o fim da família imperial russa. Pois como disse antes, o imperador Nicolau II era irresponsável, a logo que começou a Primeira Guerra Mundial, que foi causada pela Áustria numa treta com a Sérvia, a Rússia entrou na guerra para "defender" a Sérvia por conta do "Pan Eslavismo", uma corrente de fraternidade entre os povos eslavos, como os Russos, Poloneses, Sérvios, entre outros. E muito provavelmente a Rússia queria ter influência na Sérvia, já que a Sérvia era banhada pelo Mar Adriático, e logo, a Rússia teria uma saída para esse mar.

Mas durante os primeiros anos da guerra, a situação não ficou nada legal para a Rússia, pois boa parte d dinheiro do país estava sendo canalizado para a guerra, e o povo estava na miséria, sem pão, sem trabalho decente, muitos sem moradias, e sem aprender a ler.  Até que em fins de 1916 a situação ficou bem complicada, até que em março de 1917 estourou uma grande manifestação popular no país, e muitos soldados aderiram. Logo em seguida no mesmo mês, março de 1917 o imperador Nicolau II abdicou do trono e foi proclamada a República na Rússia. Começava aí o "calvário" da família imperial russa.

Logo de cara a família foi presa em prisão domiciliar, e durante vários meses o novo governo tentou negociar um asilo para a família em vários países, mas nenhum país que o novo governo conversou quis aceitar a família imperial russa, até mesmo o rei da Inglaterra George V, que era primo e muito parecido fisicamente com Nicolau II. 

A família imperial russa ficou continuou em prisão domiciliar, até que em novembro de 1917 estoura a Revolução Russa e os Bolcheviques tomam o poder, e é a partir daí que a situação da família imperial russa começa a ficar ruim de fato. Pois com a chegada dos Bolcheviques a família passou a ficar em prisão domiciliar com menos conforto e tempos depois foram transferidos para a famosa Casa Ipatiev a casa onde eles conheceriam o seu fim.

Os últimos meses

Os últimos meses da família imperial russa foram numa casa conhecida como "Casa Ipatiev", localizada na cidade de Ekaterinburg, bem longe  de tudo e de todos, quase no coração da Rússia. A família chegou nessa casa por volta de março de 1918, e o dia a dia na casa era bem simples. A casa era toda cercada por uma grande cerca de madeira composta por um monte de estacas, uma bem do lado da outra, mas parecendo uma muralha da antiguidade, e diversos guardas faziam a vigilância da família. Era literalmente uma prisão domiciliar mesmo.

A execução

Era cerca de duas e meia da manhã, quando a família imperial russa foi acordada, logo em seguida foram todos para uma sala, e lá o chefe dos guardas, Yakov Iurovsky leu a carta que condenava a família imperial russa a execução. O imperador Nicolau II surpreso apenas perguntou: "O quê?", e logo em seguida sem resposta começou a rajada de tiros. Foi um tiroteio tão intenso que a sala ficou cheia de fumaça, e logo que a fumaça saiu os guardas percebendo que havia algumas pessoas vivas ainda terminaram o resto do serviço. Depois de algumas horas, os corpos foram levados a um outro local e enterrados.

Quem foram os executados:

Nicolau II - 50 anos de idade - Imperador

Alexandra Feodorovna - 46 anos de idade - Imperatriz - Esposa de Nicolau

Olga Nicolaevna - 23 anos de idade - Princesa - Filha de Nicolau e Alexandre

Tatiana Nicolaevna - 21 anos de idade - Princesa - Filha de Nicolau e Alexandra

Maria Nicolaevna - 19 anos de idade - Princesa - Filha de Nicolau e Alexandra

Anastácia Nicolaevna - 17 anos de idade - Princesa - Filha de Nicolau e Alexandra

Alexei Romanov - 14 anos de idade - Príncipe - Filho de Nicolau e Alexandra.

Tempos depois e atuais

Em 1922 a Rússia virou a União Soviética, e durante muito tempo o local onde a família imperial foi enterrada ficou desconhecido. E quanto a Casa Ipatiev, ela ficou abandonada por muitos anos, e ao longo dos anos muita gente ia até o local e até tiravam fotos de onde a família foi executada, além também dos admiradores da família imperial. E justamente para evitar peregrinações ao local, o governo soviético demoliu a Casa Ipatiev em 1977. Alguns anos depois, em 1981, a Igreja Ortodoxa, que era a Igreja oficial da Rússia durante a monarquia, mas que estava no exílio ainda no início dos anos 80 devido ao fato de a União Soviética ser um Estado ateu e anti-religioso, declarou a família imperial russa, que eram batizados na fé ortodoxa, de "Portadores da Paixão". 

Mais alguns anos depois, em 1991 a União Soviética chegou ao fim, e logo em seguida começou a procura por onde estava enterrada a família imperial russa. Até que conseguiram achar os corpos, mas faltavam dois corpos ainda, mas no fim das contas em 2007 conseguiram achar os restos mortais dos dois corpos que ainda faltavam. Também após o fim da União Soviética, a Igreja Ortodoxa voltou a operar de forma legalizada na Rússia e no lugar onde ficava a Casa Ipatiev foi construída uma igreja que passou a se chamar "Igreja do Sangue Derramado" em homenagem a família imperial russa.

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